Por Prefeitura de Petrópolis
“Eu sou a única analfabeta da minha família. Minha filha que me ajuda com as coisas do dia a dia. Trabalho aqui há 5 anos e com este projeto que estou tendo oportunidade de aprender. Estou começando a ler e escrever agora”, contou, tímida, a catadora de material reciclável, Maria da Penha Alcântara de 62 anos. Ela é uma dos trabalhadores do Projeto Incubadora de Cooperativas que está sendo alfabetizada em um projeto da Comdep.
Os encontros para o apoio de escrita e leitura são ministrados pela coordenadora de educação ambiental da Comdep, Jussara Gatto Justen, duas vezes por semana, no Centro de Reciclagem de Cascatinha. No início do projeto, a coordenadora observou a necessidade de incluir um reforço para leitura e matemática, já que alguns participantes apresentavam muitas dificuldades nestes segmentos.
Então, o reforço foi dividido em 4 fases: reforço de leitura e escrita, educação ambiental, contabilidade e organização e funcionamento das cooperativas - jurídico. Atualmente, o Programa Educacional de Consciência Ambiental (Peca) atende a 7 pessoas da cooperativa Grupo de Catadores de Materiais Recicláveis Crescer, que dependente de todo material reciclável e apoio administrativo oferecido pela Comdep.
“O galpão da Comdep disponibiliza o espaço e o material para essas cooperativas. O projeto incubadora tem a finalidade educacional que visa facilitar a criação de cooperativas de catadores e que estes cidadãos consigam sair da informalidade para trabalhar de forma profissionalizada”, explica o presidente da Comdep, Wagner Silva.
É muito gratificante ver a vontade deles de aprender
O espaço onde acontecem as reuniões está sendo reformado para melhor atender os aprendizes. Emocionada, a coordenadora Jussara Gatto Justen, contou a importância do projeto para essas pessoas.
“É muito gratificante ver a vontade deles de aprender, a D. Maria, por exemplo, já reconhecendo as letras e formando palavras. O projeto tem exatamente esse objetivo de fazer com que eles tenham uma capacitação e possam crescer”, contou. A ideia é que após o período das aulas de reforço, as pessoas possam ser encaminhadas para uma unidade de ensino da rede, na Educação de Jovens e Adultos (EJA).
“Eu tinha dificuldade em contar dinheiro, minha memória era muito ruim. Desde comecei as aulas, eu agora me sinto mais seguro para fazer conta e já melhorei minha leitura”, contou o catador de material reciclável, Marcelo Izídio Ventura que mora no Vale do Carangola e trabalha no galpão há quase dois anos. Já a moradora da Estrada da Saudade, Janete Amorim dos Santos, que também é catadora, contou como o projeto mudou a vida dela. “Eu estava desempregada e aqui consegui uma oportunidade. Preciso e quero aprender mais, eu adoro as aulas e estou muito feliz”, contou.
“Esse é um projeto onde a gente busca dar autonomia para as pessoas que estão lá, para que no momento certo elas possam sair do galpão e formar a própria associação de catadores. Eles aprendem desde a importância do trabalho deles como agentes ambientais e a importância da gestão dos resíduos até questões jurídicas para a formação da sua cooperativa”, ressalta o diretor técnico-industrial da Comdep, Marcos Albuquerque.
Centro de Reciclagem de Cascatinha, com a coleta seletiva, recebe em média 60 toneladas de materiais como plástico, papel, metal e vidro, que são doados para as cooperativas, onde os trabalhadores fazem a triagem do que pode ser reciclado e vendido gerando renda para esses catadores.
